(do "Guardador de Rebanhos" - Alberto Caeiro)
"Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor. "
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Quantas são as vezes que nos detemos para reparar em algo verdadeiramente? Facilmente faço uma lista do que me faz divagar, do que prende toda a minha atenção: Adoro abrir a janela e sentir o cheiro de estrada molhada em tempos de chuva; Adoro estar sentado na areia e sentir as minhas pernas envolvidas pela água salgada; Adoro explorar o Universo, nas minhas tardes de Verão; Adoro aquele sentimento de quando acabamos "aquele" livro; Adoro despertar um sorriso, mesmo que para isso tenha de me tornar ridículo. Todos nós adoramos algo, que só para nós tem significado, por vezes é aquela coisinha parva, perdida nos cantos recônditos das coisas eternas, mas que para nós é algo. Quantas vezes não se vos perguntam: "mas o que tem isso de especial?" E, lá vem a mesma resposta de sempre: "para mim é especial."
Coisa diferente é reparar finalmente em algo que sempre esteve perto e que nos pareceu ausente. Sim, tal como a mítica história do ser que começa a dar valor às coisas apenas em dois momentos: ou quando as perde e não as volta a ter ou pura e simplesmente quando todas as outras coisas lhe deixam de significar algo. Por vezes, só ligamos àquela flor que está na jarra quando todas as outras a que demos toda a atenção do mundo, morreram. E aquela ficou.
Coisa diferente ainda é quando tudo o que imaginamos mágicos não é mais do que uma coisa. Um objecto. Um animal. Uma borboleta. Um flor. Uma ser. "É o poder da mente", disse uma certa rapariga num certo filme. Dizia ela ainda que apenas a mente é capaz de atribuir um significado a uma coisa mais do que a coisa efectivamente; é atribuir ao 1, mais do que o 1 (que é o que realmente é), no fundo é atribuir-lhe um 2 quando significa algo para nós.
Termino com uma daquelas frases-chavão:
«O significado das coisas não reside nas próprias coisas, mas na nossa atitude relativamente a elas.» Antoine de Saint-Exupéry
2 Sussurro(s):
"Não vemos as coisas como são; vemo-las como somos." - Anais Nin
:)
Para mim é especial viajar de autocarro, pois estudo em outra cidade, admirar as paisagens e ouvir músicas, principalmente coldplay, e pensar sobre a vida...É algo maravilhoso! :)
A importância das coisas reside em nós, somente em nós.
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