sexta-feira, 30 de março de 2007

The Fountain

Vi e só passado algum tempo, após deixar a poeira acalmar, é que tomei consciencia que este terá sido um dos filmes mais fantásticos que já vi, dos mais completos. A confusão e o embaraço que nos causa os primeiros 15 minutos de filme, não nos tira a beleza que ele ganha a partir do momento em que descobrimos que afinal tudo faz sentido, mas tudo... nenhuma cena é feita sem ter um simbolismo. Talvez essa seja uma das palavras chave... este filme está cheio de simbolismos... desde o toque do ser na natureza, até à saliva que flutua de uma boca em confronto com a outra....

Mais do que qualquer outro, este filme tem imagens incríveis... imagens que nos pregam ao lugar e só pedimos que não acabe agora...com todas as nossas forças! A sensualidade das cores é algo que origina um orgasmo intelectual de beleza... uma simbiose do paraíso com a eternidade! O desenvolvimento das várias imagens acompanhado de uma história feita de toques, suspiros, olhares, e de poucas palavras, culmina em algo difícil de digerir... Ao longo do filme temos de vê-lo como se estivessemos a desatar uma corda que tem nós muito dificeis de tirar... um processo complicado que origina desistências...não é fácil de entender...


Após 90 minutos intensos, onde pensas que passaram imensas horas, o filme acaba e ficas a olhar para a tela... estupefacto... no mínimo por ter visto algo diferente, algo de extraordinário... algo que me vai marcar, é um filme sem comparação com qualquer outro único.


Por fim, tiras os olhos da tela, olhas e pensas. 'Como pode estar esta sala quase vazia? Como é possivel não gostar de um filme destes?'... Olhas para quem lá está... a reacção pode ser diversa, mas não te apercebes, porque só queres pensar nos elementos que te escaparam ao longo do filme... pois, a sua apreciação vai muito para além da sua duração...






'Sem dúvida... não é um filme para todos.'*



terça-feira, 27 de março de 2007

Dia Mundial do Teatro

À um ano, neste dia, estava deveras ocupado com algo mágico...

segunda-feira, 26 de março de 2007

Momento BAH



É o amor! Mas de duas perspectivas diferentes... complementares...ou não!

sábado, 24 de março de 2007

Love, it taught me to lie...

"you step a little closer each day

so close that...

I can´t see what´s going on..."

sexta-feira, 23 de março de 2007

Momento BAH

Ainda falam em falta de solidariedade e companheirismo...

quinta-feira, 22 de março de 2007

Don't Stop



"Don't stop moving, you must keep on going
Don't you stop believing, you should go on dreaming
Don't stop moving, you must keep on going
Don't you stop believing,'
Cause it's people like you make the world go..."

quarta-feira, 21 de março de 2007

Dia Mundial da Poesia

De forma a celebrar este dia, aqui fica o meu poema favorito de sempre:


Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.


Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.


Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava!
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os teus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os teus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.


Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...
já não se passa absolutamente nada.


E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.


Não temos nada que dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.


Adeus.

Eugénio de Andrade

terça-feira, 20 de março de 2007

Soneto


Fecham-se os dedos donde corre a esperança,
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquê esperar, porquê, se não se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?

Antes aproveitar a nossa herança
De intenções e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.


Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a mão que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.

Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.

Ary dos Santos

sábado, 17 de março de 2007

I wish...

Marc Broussard - "Gavin's Song"

sexta-feira, 16 de março de 2007

Doce


Beleza imortal de céu radiante,
Sigo o meu caminho a viver-te.
Tenho tanto medo de perder-te.
Logo ali, adiante.

Bebo as palavras que sussurras,
Saboreio uma, duas, três…
Prometo provar mais da próxima vez,
Porque me disperso, porque me deslumbras.

Suspiro a suspiro…
Imortalizas o meu sentimento
És tu quem admiro!

Olhar a olhar…
Imortalizo o meu sentimento
Só tu me poderás amar!

quinta-feira, 15 de março de 2007

Antes...muito antes!

"Quando te vi amei-te já muito antes:
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que o não fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro."

Fernando Pessoa

quarta-feira, 14 de março de 2007

Momento BAH


terça-feira, 13 de março de 2007

Fantástico

Brilhante não concordam?*

segunda-feira, 12 de março de 2007

Bela Adormecida




Bela Adormecida que dormes
Encostada ao meu peito…
Peço-te que transformes
O meu mundo mais que perfeito.

Dá-me a causa do teu olhar,
Empolga-me com a beleza do teu sorrir…
Só a ti irei adorar,
Só contigo sei sentir.

O Mundo não precisa de árvores, sol ou lua
Para nós já nos sacia,
Uma alegria como a tua.

Fantasio que te tenho todos os dias,
Amo-te mais do que a vida,
Bela adormecida, se eu sorrisse, acordarias? *

domingo, 11 de março de 2007

Um verdadeiro sussurro...


Suspiro agressivo.....preenche o espaço entre tu e eu. Agressividade da paixão que nos envolve e se desenrola numa busca incessante pelo corpo do outro.

Tocar....não chega. O descontrolo intrínseco ao momento incentiva o empolgar de um beijo.
Um, dois, três, quatro.... as bocas húmidas e quentes pedem mais, muito mais.

Somos invadidos pelo sentimento asmático que nos faz delirar... O suspiro deste calor intransigente que provoca o cair de gotas de suor provenientes de nós próprios.... Sinto tudo isso enquanto tacteio o teu cabelo, o teu rosto...

Por momentos as bocas páram, os olhos abrem-se, a realidade regressa, o ser pensa.....
"por momentos, pensei que o Mundo era Perfeito..."

sexta-feira, 9 de março de 2007

Acaso


No acaso da rua o acaso da rapariga loira.
Mas não, não é aquela.

A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.

Perco-me subitamente da visão imediata,
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,
E a outra rapariga passa.

Que grande vantagem o recordar intransigentemente!
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.

Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!
Ao menos escrevem-se versos.
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar,
Se calhar, ou até sem calhar,
Maravilha das celebridades!

Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loira,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Por que todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo que foi é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?

Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?
Pode ser... A rapariga loira?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal ...

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.

Álvaro Campos

(Lindamente construído!)

quinta-feira, 8 de março de 2007

Fascinado!

Last Request, Paolo Nutini


These Streets, Paolo Nutini

Qual delas a melhor? Não consigo responder...

quarta-feira, 7 de março de 2007

Teus olhos entristecem.



Teus olhos entristecem
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.

Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.

Continuo a falar.
Continuas ouvindo
O que estás a pensar,
Já quase não sorrindo.

Até que neste ocioso
Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inútil.
Fernando Pessoa
(Duas Palavras: SU-Blime!..=P)

terça-feira, 6 de março de 2007

Voa Borboleta, voa!


Passa uma borboleta por diante de mim

E pela primeira vez no Universo eu reparo

Que as borboletas não têm cor nem movimento,

Assim como as flores não têm perfume nem cor.

A cor é que tem cor nas asas da borboleta,

No movimento da borboleta o movimento é que se move,

O perfume é que tem perfume no perfume da flor.

A borboleta é apenas borboleta

E a flor é apenas flor.

Alberto Caeiro

(Porque a Borboleta é um bichinho brilhante...)

segunda-feira, 5 de março de 2007

Walking Around

Passeio a noite pela rua deserta da vida...
Oiço um grilo que vive...
Vejo um pássaro que corre...
Sinto o cheiro da chuva que caíu...
Tudo o resto...não interessa.
Não interessa o que me fez andar a estas horas...
Não interessa o sabor dos teu lábios...
Não interessa a forma como se vive...
Só tem importância este momento...
O momento causado de oportunidades perdidas...
de arrependimentos constantes...
de tempo perdido...
Vou andar pela noite e
revitalizar a minha alma...
Ainda vou a tempo.
Adeus. Vou andar por aí...

(Sem dúvida... Um dos poemas que mais prazer me deu escrever... Outros tempos..)

sábado, 3 de março de 2007

Idiota!

"Sente-se. Está sentado? Encoste-se tranquilamente na cadeira. Deve sentir-se bem instalado e descontraído. Pode fumar. É importante que me escute com muita atenção. Ouve-me bem? Tenho algo a dizer-lhe que vai interessá-lo. Você é um idiota. Está realmente a escutar-me? Não há pois dúvida alguma de que me ouve com clareza e distinção? Então Repito: você é um idiota. Um idiota. I como Isabel; D como Dinis; outro I como Irene; O como Orlando; T como Teodoro; A como Ana. Idiota. Por favor não me interrompa. Não deve interromper-me. Você é um idiota. Não diga nada. Não venha com evasivas. Você é um idiota. Ponto final. Aliás não sou o único a dizê-lo. A senhora sua mãe já o diz há muito tempo. Você é um idiota. Pergunte pois aos seus parentes. Se você não é um idiota...claro, a você não lho dirão, porque você se tornaria vingativo como todos os idiotas. Mas os que o rodeiam já há muitos dias e anos sabem que você é um idiota. É típico que você o negue. Isso mesmo: é típico que o Idiota negue que o é. Oh, como se torna difícil convencer um idiota de que é um Idiota. É francamente fatigante. Como vê, preciso de dizer mais uma vez que você é um Idiota e no entanto não é desinteressante para você saber o que você é e no entanto é uma desvantagem para você não saber o que toda a gente sabe. Ah sim, acha você que tem exactamente as mesmas ideias do seu parceiro. Mas também ele é um idiota. Faça favor, não se console a dizer que há outros Idiotas: Você é um Idiota. De resto isso não é grave. É assim que você consegue chegar aos 80 anos. Em matéria de negócios é mesmo uma vantagem. E então na política! Não há dinheiro que o pague. Na qualidade de Idiota você não precisa de se preocupar com mais nada .E você é Idiota (Formidável, não acha?)"

Bertolt Brecht

sexta-feira, 2 de março de 2007

Um lugar...

Sempre houvi falar acerca do lugar.
Não é facil saber-se qual é o nosso lugar no mundo.
Um lugar tem de ser conquistado.
Um lugar não é dado, mas preenchido.
Ter direito a um lugar, por mais pequeno que seja é gratificante.
É reconfortante.
É delicioso.
É como sentir que afinal a lua tem um dos olhos virados para nós, é como sentir que somos verdadeiramente alguém.
Por vezes, há lugares ocupados, há sentimentos de inutilidade...
Todo o ser tem direito ao seu lugar:
Um lugar na mesa...
Um lugar na família...
Um lugar na terra...
Um lugar ao luar...
Um lugar no coração..

quinta-feira, 1 de março de 2007

Pedaços Soltos

"Não tirei bilhete para a vida,
Errei a porta do sentimento.."


Álvaro Campos

"Fecham-se os dedos donde corre a esperança,
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquê esperar, porquê, se não se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?"
Ary dos Santos

"Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos..."

Eugénio de Andrade
"Cada dia sem gozo não foi teu
Foi só durares nele.
Quanto vivas Sem que o gozes, não vives."
Ricardo Reis
(Porque há pensamentos que parece que foram construídos pela nossa mente para certos momentos...)