segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Spending The Holidays With You

Era um dia chuvoso. E frio. Chegavas hoje, não pensava em mais nada. O meu coração sentia-se desesperado por estar à tanto tempo só. O meu corpo estava gelado, o nervosismo do teu amor apoderava-se de mim. Levantei-me num suspiro e esperei por ti num sussurro. Repetidamente observava-me na esperança de encontrar algo que não se adequasse ao momento. O medo de te desiludir tornava-me incontrolável. Numa das mãos tinha um ramo de flores, lírios brancos, no seu centro um bilhete que demorara a noite toda a encontrar o que escrever; na outra mão, tinha esperança. A esperança de te envolver num abraço e poder dizer que és minha.

Passaram horas, o meu coração explodia de ansiedade. Vi algo. Perguntei-me se já estava a alucinar. Não, não estava. Caminhavas de forma a olhar para todos os sítios, na esperança de encontrar algo. Não me viste. Agarrei o ramo de flores com maior convicção, coloquei-os atrás das costas. E caminhei para ti. Não me contive em chamar o teu nome a meio caminho... foi o meu coração que o fez. Tinha os olhos húmidos, afinal de contas tinha o meu futuro à minha frente. Quando me viste, caminhaste em minha direcção os dois primeiros passos, depois correste... Quando te tive nos meus braços naqueles segundos, não controlei a emoção, respirei fundo diversas vezes, deixei que se caíssem as lágrimas que contive todo este tempo com saudades tuas... Pela primeira vez, te dizia "amo-te", olhos nos olhos... As tuas bochechas estavam rosadinhas, os teus olhos como os meus, os nossos corpos inseparáveis.

Passámos os dois dias seguintes assim. Sentindo a posse de um abraço, a felicidade de um beijo, e o controlo sobre o corpo do outro... Até certa altura, foi sempre assim, a espaços. Depois, foi sempre assim, para toda a vida...


« Oh when you're cold

I'll be there

Hold you tight to me »

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Se por acaso me vires por aí...

Sigo por ali fora. Numa caminhada em busca do desejo incessante de te ter. Sigo por um caminho sem rumo, um caminho que não me levará a lugar nenhum, a não ser os teus braços. Enquanto conduzo os meus pés sobre as pedras, penso se viverás sempre tudo isto com a mesma intensidade. A minha vozinha na cabeça diz que sim. Fico feliz por isso. Pergunto-me se uma ilha cheia de fantasia encantada e felicidades eternas chegará para te ter. E se é o suficiente para te colocar neste caminho...onde te procuro.

Avanço um pé. E depois outro. Paro um pouco. A pulsação aumenta. Estás ali tão perto. Sinto-o. De repente um barulho à minha esquerda assusta-me. "É só um pássaro" pensei. Fechei um pouco os olhos. Senti um arrepio...pegaste-me no braço, e perguntaste: "Então, sou aquilo que imaginaste todo este tempo?". Dei-lhe um beijo como resposta.

Desde então, só me lembro do cheiro do seu cabelo e do seu pescoço. Sinto falta dela todas as noites. As mesmas noites que sei que a tenho para toda a vida...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

I guess I'll try again tomorrow...


Abri a janela. De imediato senti-me invadido pela brisa da manhã e por um raio de sol. Pensei que ambos me podiam ajudar a esquecer a tristeza que senti. Acordei sem ti ao meu lado. Abri os olhos e a tua parte estava vazia. Quis regressar ao sonho, um sonho onde te tinha. Não consegui. Senti-me inutil e com um vazio enorme. Procurei entre as gavetas as cartas que recebi de ti em tempos, deitei-me e passei as horas seguintes a ler cada uma... Recordei sílabas olimpicas que me marcaram, mas o que mais me ficou alojado no coração, foi o mergulho de amor que me fizeste sentir. Se pudesse ser poeta, diria que as tuas cartas são o meu palácio encantado e que o teu amor é o meu castelo. Mas não o sou. Sem ti não o sou.

Arrumei as cartas. E fui ao banho acompanhado pela saudade. Quando regressei, um bilhete estava sobre a tua almofada. Fiquei desiludido quando descobri que era o mesmo bilhete que escrevia todas as noites e que colocava na tua almofada esperando que ouvisses o meu segredo: "não partas nunca mais..."


"Touch my mouth with your hands..."

domingo, 21 de setembro de 2008

É um domingo às avessas...


Entrei em casa e procurei-te. As paredes estavam silenciosas, o corredores vazios, não havia um movimento, nem uma palavra, não deixaste um recado. Procurei-te pelos vários espaços, revi as portas abertas, não te encontrei. Entrei na sala e parei junto à lareira a observar um dos nossos retratos. Aquele que tirámos em Paris, na noite que te pedi em casamento. Recordo o quanto bela estavas, o linda que és... expulso uma lágrima quando olho ao espelho e sinto saudades daquele tempo contigo.

Olho em volta, sinto o teu cheiro... dá-me uma ânsia tremenda de te sentir. Grito por ti. Não respondes. Vou ao nosso quarto. Aconchego-me à tua almofada. Penso que estás ali. Mas não estás. Quando me preparo para sair, sinto o rodar da chave. Voltaste. E eu voltei a ser feliz.

'Tenho saudades'

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

E eu sinto que num meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz...


Anda, vem comigo. Sentemo-nos os dois. Escuta o meu coração. Consegues ouvir o que ele te diz? Eu sei que sim. Será assim para sempre. Todos os dias em que te sentires derrotada, desmotivada, com uma angústia enorme no peito, lembra-te que podes contar comigo. Deixa que a tua alma me abrace, mergulha comigo e deixa flutuar todos os nossos sonhos no mais íntimo de nós. São a nossa vida. Olha para mim, consegues ver o brilhozinho? És tu. Vem, vamos descobrir o nosso mundo, o que dá cor à nossa vida, o sorriso dos nossos dias e o aperto profundo das nossas noites. Ás vezes, a saudade faz com que a noite aparece perdida mas, tu e eu, juntos, sabemos como atravessar a escuridão: apenas tens de ficar perto de mim, dormir no meu abraço e sentir o toque dos meus lábios no teu pescoço depois de sussurrarem o quanto te amo.

Hoje recuperamos os momentos vividos e vamos ser cúmplices o resto da nossa vida, e para além dela. Depois de um dia cansado, vou esperar que chegues e vou sentir que mesmo depois de um dia frio existem lugares para fugir. Contigo, tudo parece tão fácil...

'Sabes que te amo não sabes?'

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A flor que és

A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.
Flor, sê-me flor!
Se te colher avaro
A mão da infausta esfinge, tu perere
Sombra errarás absurda,
Buscando o que não deste..

Ricardo Reis

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Bad Books Don't Exist IV


"Quando pela primeira vez contemplam juntos a lua cheia, John e Savannah sentem-se invadidos pela força inequívoca de um amor nascente, pela percepção de um futuro que acaba de ganhar forma e sentido nos seus corações jovens e expectantes. Nunca a lua lhes pareceu tão bela, nem o mundo um local tão pródigo em promessas. Mas a realidade não tarda a impor-se, precipitando uma vaga de acontecimentos que os coloca perante encruzilhadas de vida brutais. As longas separações a que a carreira militar de Jonh - destacado na Alemanha - os obrigou e o peso quase insuportável da saudade impelem Savannah a tomar uma decisão difícil que irá mudar os seus destinos para sempre, mas não o que sentem um pelo outro... No entanto, será a Jonh que caberá a mais amarga de todas as decisões, aquela que ditará os seus futuros de uma forma irrevogável. Mas por mais dolorosa que seja, a escolha certa torna-se sempre nítida quando é o amor genuíno que nos inspira, quando sabemos o que significa amar verdadeiramente alguém..."


Juntos Ao Luar, Nicholas Sparks

Eu luminoso não sou

Eu luminoso não sou. Nem sei que haja
Um poço mais remoto, e habitado
De cegas criaturas, de histórias e assombros.
Se, no fundo poço, que é o mundo
Secreto e intratável das águas interiores,
Uma roda de céu ondulando se alarga,
Digamos que é o mar: como o rápido canto
Ou apenas o eco, desenha no vazio irrespirável
O movimento de asas. O musgo é um silêncio,
E as cobras-d'água dobram rugas no céu,
Enquanto, devagar, as aves se recolhem.



(in PROVAVELMENTE ALEGRIA, José Saramago, Lisboa, 1985, 3ª Edição)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

E eu não sei quem te perdeu...




Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
«Não partas nunca mais»

E dancou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu nao sei quem te perdeu.

Abracou-me
Como se abraca o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.

E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

--

Porque há momentos que nos sentimos a flutuar na água, à espera de salvamento. Porque há momentos que a realidade é dura de mais, quando tudo é para sempre.. Porque há apenas aqueles momentos em que as mãos não estão vazias, e sofremos. Porque há momentos em que não há solução a não ser esquecer...

sábado, 13 de setembro de 2008

Eu nunca deixarei de te amar...


As estrelas fazem-se mais belas,
As ondas do mar mais sensíveis e leves,
O mundo parece girar docemente ,
Só porque ela está lá
Espargindo sua magia.

Não há como deixar de amá-la,
Ainda que eu quisesse,
Ainda que implorasse pra mim mesmo,
Ela é o infinito do amor mais bonito.

É o vento, a canção, o luar, o mel que dá sabor a vida,
Eu nunca deixarei de te amar.
Eu nunca deixarei de te amar.
Se o mar se juntar com a terra e acabar
Ainda assim não deixarei te amar.

Se os ventos da vida trouxerem
Dias turvos com amargo negror
Eu nunca deixarei de amar-te.
Te amarei com mais terno fervor
Pollyana é o amor personificado
É o céu ao meu lado,
É a mais suave canção.
Eu nunca deixarei de te amar
Eu nunca deixarei de te amar
Pode o mundo acabar
Pode a lua falhar
Mas eu nunca deixarei de te amar.

Radyr Gonçalves

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Só pra dizer que te amo...


Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

--

Já és minha. Repousa com teu sonho em meu sonho.
Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.
Gira a noite sobra suas invisíveis rodas
e junto a mim és pura como âmbar dormido.
Nenhuma mais, amor, dormirá com meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma mais viajará pela sombra comigo,
só tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua.
Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo,
teus olhos se fecharam como duas asas cinzas.
Enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento enovelam seu destino,
e já não sou sem ti senão apenas teu sonho.

Pablo Neruda

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Aquele momento...


Sempre existe no mundo uma pessoa
que espera a outra, seja no meio do deserto,
seja no meio das grandes cidades.

E quando estas pessoas se cruzam ,
e seus olhos se encontram,
todo o passado e todo o futuro perde
qualquer importância,
e só existe aquele momento.

Paulo Coelho

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Há momentos de ternura que não são mais do que saudade...

Porque és o meu anjo...LY*

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Um pequeno excerto...

Eu não digo nada.
As palavras tropeçam no buraco do nada.
Só aditamentos.

Um longo colóquio sobre educação
que acabou sem chegar
a uma conclusão.

Segundo as últimas notícias.
Tal como aquando do fim foi proclamado
e logo desmentido.

À última hora tentaram
alguns exemplares da espécie humana
começar do princípio.

Algures, em saldos de fim de estação,
deve ter havido ocasião
para a esperança.

Para encerrar
falava-se do Bem e do Mal:
essas coisas não existem.

No entanto, se...
ou quando muito Deus,
com as suas respostas dilatórias.

Aquirida
é a resolução de se adiar tudo
para a próxima vez.

Pensámos que era uma piada
quando de repente
nos passou a vontade de rir.

O certo é que globalmente
depois disso
já ninguém tinha fome.

Porém, no fim, muitas pessoas
gostariam de ter mais uma
vez ouvido Mozart.

A Ratazana, de Gunter Grass

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Uma Escolha Por Amor.


Há livros que nos marcam. E esses livros são aqueles que mais perto chegam do nosso coração, são aqueles que por mais que não queiramos ficamos nostálgicos, e a colocar questões: "se fosse a mim que acontecesse...", "oh e se eu pudesse"... no fundo, são aqueles livros que nos acordam para o mundo e para o que realmente pode acontecer.


Neste contexto, Nicholas Sparks oferece-nos sempre, mas sempre, várias interrogações sobre o amor. Por exemplo, em Palavras que nunca te direi, coloca-nos a questão de até que ponto nos podemos apaixonar por palavras, é um início surreal?; em Momento Inesquecível, pergunta-nos: o que farias para transformar a vida curta do teu grande amor melhor?; já em Alquimia do Amor, a questão é diferente: o amor tem idade?; Juntos ao Luar, falamos mais sobre a alma do amor... que nem sempre corresponde a estar junto um do outro. Uma Escolha por Amor, revela-se algo tremendamente tocante... a questão central é: Até onde é que devemos ir em nome do amor?...

Depois o ler, ganhei uma nova visão da vida e do amor... Compreendi especialmente que por vezes, o mais complicado não é encontrar um grande amor, mas sim manter esse grande amor. Nem sempre por culpa nossa, por vezes factores exteriores originam rupturas de contactos... conseguir lidar com isso é complicado. O que mais me tocou foi a imprevisibilidade, até certa altura a escolha a ser feita é uma, depois passa a ser outra mais complicada e é essa parte que transforma o livro em algo de magnifico.

Este livro fala-nos de esperança, de coragem e orgulho. Este vai ficar marcado para sempre. É uma lição de vida, especialmente para quem tem durante anos pessoas querias doentes, vivas, mas que nao tomam as próprias decisões. Fala-nos sobre a escolha a fazer quando tudo parece perdido, está ali, tocamos...mas não sente. Fala-nos sobre o que é viver casos de coma. Gostei. Tocou-me. Ficará guardado para a eternidade.

"As histórias são tão singulares quanto as pessoas que as contam, sendo certo que as melhores são aquelas em que o fim constitui uma surpresa."