quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Dia após dia rumo à eternidade...



"Um anjo perdido no céu que reina em direcção a uma luz procurando que a curiosidade lhe sacie a sede que tem da vida e, sobretudo, escolhendo a coragem e a conquista como felicidade."


Os sons provenientes dos passarinhos que à minha janela cantam logo de manhãzinha não chegam para tirar-te do meu pensamento ao acordar. O sol que invade a escuridão que o meu quarto mergulhara e que bate na minha cara como se tivesse a cabeça por baixo de uma cascata não chega para me tirar o sorriso por acordar a pensar em ti. O frio que vem da janela aberta que gela o meu nariz não chega para tirar-me da mente o sorriso que veria em ti por notares o meu enorme sorriso por acordar a pensar em ti.

A vontade de levantar é pouca, muito pouca. Ao passar as mãos pela cama apercebi-me que não estavas ali, e depois disso uma única coisa me trazia felicidade: tapar-me até ao pescoço, agarrar os lençóis por dentro, fechar os olhos, e recordar a noite passada:


“Um vestido branco, uma flor na orelha, um sorriso único, um rosto rosado… tudo isto eras tu. Caminhavas como uma pluma e agias como um anjo. Abraçavas o vento como quem abraça a vida, respiravas como se as partículas da vida vivessem com harmonia…Ao longe observava, como se a minha vida fosse tudo aquilo, e na realidade a minha vida sempre foi tudo aquilo. Foi daqueles momentos em que o orgulho nos faz ficar estáticos e a dar valor a tudo o que existe e a tudo o que é simplesmente tudo para nós…”

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Uma cena..

A intensidade de um beijo...

O sentimento de eternidade...

A expressividade do amor...

Tudo num só.

Silêncio...


Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram
nos meus navegação segura,

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,

pelo silêncio fascinadas.

Eugénio de Andrade.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Amor Vivo.


Amar! Mas d'um amor que tenha vida...
Não sejam sempre tímido a arpejos,
Não sejam só delírios e desejos
D'uma douda cabeça escandecida...

Amor que viva e brilhe! Luz fundida
Que penetre o meu ser - e não só beijos
Dados no ar - delírios e desejos -
Mas amor... dos amores que têm vida...

Sim, vivo e quente! E já a luz do dia
Não virá Dissipá-lo nos meus braços
Como névoa de fantasia...

Nem murchará do sol à chama erguida...
Pois que podem os astros dos espaços
Contra débeis amores... se têm vida?


Antero de Quental

"As Máscaras que se olham", de José Saramago

Um pequeno texto de Saramago sobre a heteronímia em Fernando Pessoa:
"Naquele jazigo do cemitério dos Prazeres, onde durante cinquenta anos os restos de Fernando Pessoa foram esquecidos (agora os transportaram para o Mosteiro dos Jerónimos e acomodaram em arca nova, perante uma plateia fúnebre de ministros e secretários de Estado), havia, como é costume cristão, uma cruz. De mármore, ou outra pedra calcária menos nobre, colocada a prumo sobre a fachada insignificante, o conhecido símbolo derramava sobre o defunto bênçãos para o imediato e promessas de eternidade. De quanto valham umas e outras não sou eu o competente contabilista, nem seria esta a ocasião para se apurarem transcendências tais. Digamos, no entanto, porque em algum ponto de doutrina terei de comprometer-me, que me incluo entre os cépticos.
Ora, a cruz desapareceu, já não está lá. Partiram-na ao rente do pé, deixando o jazigo subitamente nu, com aquele ar friorento e sem jeito que têm os homens quando lhes cortam o cabelo, ou as árvores quando são podadas. Não se sabe quem foram os autores do atentado sacrílego, desconhecem-se as razões do atrevimento. Mas a alma portuguesa, a mística alma, não pode deixar de sentir-se confortada ante o acto magnífico de roubar-se uma cruz de pedra só porque, durante meio século, ela velou o último sono de um poeta. Portugal, afinal de contas, não está perdido se filhos seus mantêm esta fé e praticam esta coragem. Acredito que sobre a cruz e o furto possam vir a ser lançados os alicerces de um culto novo, de que Fernando Pessoa seria, ao mesmo tempo, profeta e livro. E também não me surpreenderia se me viessem dizer que a esta mesma hora, numa qualquer cave de Lisboa, uma congregação de neófitos já vai elaborando um rito e inventando orações, ou simplesmente adaptando os velhos passes de mágica à nova esperança de redenção.
Há sempre um fundo de tristeza na ironia: a esta pouco lhe faltou para atingir a lágrima. Claro que não cairei na banalidade de interrogar-me sobre se Portugal merecia este poeta, como não pergunto se mereceu Camões. Mas torna-se cada vez mais evidente o carácter redutor da relação que, preconcebidamente ou pela obscura força das circunstâncias de tempo e de lugar, se está estabelecendo entre os portugueses vivos que hoje somos e o poeta morto e trasladado, mais emblema, ele, que homem, mais símbolo difuso que discurso coerente, mais pretexto evasivo que afirmação peremptória.
É possível que Fernando Pessoa tenha nisto grande responsabilidade. Homem de máscaras que olham máscaras, é como se só máscaras o pudessem ler e porventura compreender. Mas o que, sendo assim, produziria infalivelmente uma constelação de sentidos, de significados, de leituras infinitamente abertas e nunca conclusivas, veio, pelo contrário, a esbarrar com a tentação de definir um Fernando Pessoa unificado, do qual, por mera ramificação sucessiva, tivessem nascido heterónimos em qualquer momento reversíveis ao seu ponto de partida. Trabalho vão, em meu entender. Cada um de nós é quem é, mas aquele que em nós faz é outro. Fernando Pessoa soube-o melhor que ninguém, e os heterónimos, mais do que «drama em gente», são, cada um deles, a expressão individualizante de um conteúdo plural que se tornou singular no seu fazer-se, um ser que é diferente porque diferente foi o fazer dele.
Posta a questão nestes termos, seria fascinante ler Ricardo Reis como Ricardo Reis, e não como Fernando Pessoa. E o mesmo com Álvaro de Campos. Ou Alberto Caeiro. Ou Bernardo Soares. E todos os esboçados e inacabados heterónimos como crianças ou adolescentes que não puderam crescer, mas que eram já, no que foram, outros. E finalmente duvidar que os poemas ortónimos tenham sido realmente escritos por um Fernando Pessoa, tal como ele, com esse próprio nome, duvidou da sua existência. Estaríamos, aí, em pleno campo da esquizofrenia (com ressalva do emprego não de todo adequado da expressão), mas, correndo os riscos de quem ousa um passo em terreno tão instável, poderíamos agora interrogar-nos sobre a virtual maior produtividade duma leitura radiante, aceitando à letra aquilo que teria sido a verificação final de Fernando Pessoa: eu não sou eles. E talvez que «O Ano da Morte de Ricardo Reis» seja, em mais de quatrocentas páginas de prosa, tão-somente uma leitura que caminha ao longo de um raio, uma trajectória vital e poética a que nenhum outro poema pode ser juntado, mas em que se admite como plausível uma vida outra, que é mentira e por isso verdade outra, como a máscara é um rosto outro. Talvez seja preciso escrever também sobre os anos da morte de Alberto Caeiro, de Álvaro de Campos, de Bernardo Soares, para que sejam, cada um deles, cada vez menos Fernando Pessoa, como Fernando Pessoa os quis.
Há vertigem neste jogo. As máscaras olham-se sabendo-se máscaras. Usam um olhar que não lhes pertence, e esse olhar, que vê, não se vê. Colocamos no rosto uma máscara e somos outro aos olhos de quem nos olhe. Mas de súbito descobrimos, aterrados, que, por trás da máscara que afinal não poderemos ser, não sabemos quem somos. Está portanto por saber quem é Fernando Pessoa."

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

For the One I Love...




When it comes to Valentines,
we make the perfect pair -
There's romance, love, and laughter
in the friendship that we share.
We care enough to listen,
to trust and understand,
To build a life together,
side by side and hand in hand...

We both know that we're lucky
and we've got a good thing going,
Through ups and downs
and give and take,
our love just keeps on growing...

'Cause I bring out the best in you,
and you the best in me -
I guess it takes the two of us
to make a perfect "we."

With Love Always...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Porque há locais onde as palavras mágicas existem...



"Bad day, looking for a way,
home, looking for the great escape.
Gets in his car and drives away,
far from all the things that we are.
Puts on a smile and breathes it in
and breathes it out, he says,
bye bye bye to all of the noise..."

The Great Escape, Patrick Watson

Ás vezes dá-me para pensamentos assim...






"Aquilo que pedimos aos céus na maioria das vezes se encontra em nossas mãos."


William Shakespeare

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Valentine's DAY!

A noite nasceu com ternura,
Vendo-te a ti, vestida de branco…
Na orelha, lírios amarelos.
Nos olhos, um orgulho imenso.
No coração, um amor doce…

O vento fazia ondular o teu vestido,
As tuas mãos tinham a energia do mundo na sua pele,
O sorriso estava diferente, sem palavras.
A felicidade vivia-se…

Caminhámos por entre rumos opostos,
Encontrámo-nos quando pensávamos que não havia mais nada…
Juntos superámos os obstáculos de todos os caminhos…
E culminámos a união numa simbiose de sentimentos,
Amor e esperança.

A vida trouxe-nos o que esperávamos dela.
Um sorriso. Um orgulho. Uma alegria.
Juntos declamámos às estrelas a poesia da nossa vida.
Unidos mostrámos um abraço profundo.

A vida trouxe-nos muitas coisas…
Sem nunca nos fazer esquecer,
Aquele dia em que tu e aquele vestido branco
Fizeram maravilhas aos meus olhos.


Simplesmente, porque hoje é um dia muito especial:

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

My BlueBerry Nights

Estava ansioso por ver este filme. Tive-o guardado largos meses na minha estante, cheguei a esquecer-me dele, até que um dia lembrei-me e fui finalmente buscá-lo, estava cheio de pó, assoprei e pus no leitor. “Vamos a isto!”

É um filme especial que vale a pena ver. Digo isto porque é um filme com uma história possível de acontecer a qualquer pessoa, é directo, macio, mas, sobretudo, é um filme muito direccionado para a maneira como lidamos com o nosso dia-a-dia e com o que achamos que é indispensável para nós.

Todo o filme trata em dar várias reacções possíveis, várias respostas possíveis para a mesma pergunta: “Como pode se dizer adeus a alguém sem o qual não vivemos?” A emoção é sempre a mesma: “Dor.”; mas a resposta também pode ser ensinada: “Adeus nem sempre significa um fim. Algumas vezes significa um novo começo.” O filme retrata aqueles momentos em que sentes um aperto no peito quando a porta se fecha e que nunca mais se abre porque a chave foi deitada fora…

Diria que é um filme perfeito para quem gosta de parar no tempo as vezes e observar como se reage a vários acontecimentos. Diria que é um filme perfeito para se ver numa tarde cinzenta e de chuva, como esta…

Ps: Jude Law, Natalie Portman, Rachel Weisz já não são novidades para ninguém que está a ver filmes constantemente, mas vejam Norah Jones, a figura central, sou amante da sua música e fiquei incrivelmente chocado com a sua performance…

domingo, 1 de fevereiro de 2009

J'adore.


Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
“quebrei a cara muitas vezes”!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!

Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é “muito” pra ser insignificante.

Augusto Branco