sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Procuro-te.


Percorro as tuas pegadas deixadas na areia. Procuro-te.
Sem plano, sem conhecimento da realidade,
Apenas procuro-te.
Pelas margens do rio, pela areia do deserto, pela água do mar,
Procuro e nada encontro.

Tudo parecia perfeito:
Um Homem que procura uma mulher.
Nada mais. Seco, triste, intenso.

Quem procuro?

Caminhando em noites claras,
Em Olimpos vazios,
O palpável nunca chega,
Um busca por emoções transformada num desafio,
Onde espadas e armas são deixadas ao vento,
E a angústia e desgosto entram em cena a tempo.

O telefone não toca.
Acelero a procura em cada esquina
Da tua vida.
Nem uma falta de memória que não existe
Me fará esquecer de ti.

A tua fotografia acompanha cada passo…
Pergunto aos Homens se te viram,
Não te conhecem…
Pergunto a mim próprio se te conheço,
Não sei.

Quem procuro eu? Julieta.

A perturbação começa a acompanhar-me,
O desgosto de não se encontrar,
Sufoca-me arrepiantemente.
Pior que tudo, é a angústia…
A angustia de não conseguir.

Olho para cada pessoa…
Teu rosto foge-me.
Tal como a borboleta que tentamos apanhar.
Volto a perguntar se te viram.
E voltam a insistir, meu amor, que tu não existes.
Querem-me enganar…mentirosos.
Mas simplesmente,
Não há mentira que me faça separar de ti.

Sinto-me confuso. Sem certezas.
Sem forças para sair novamente do quarto
E vaguear as ruas em teu encalço.
Sinto que fugiste.
Procuraste incessantemente outros lugares,
Da mesma maneira que te procurei.

Se foste sem avisar, resta-me um conforto.
Nem o maior porto do mundo,
Te levará para longe de mim…

Quem procuro eu, afinal?
Um pranto, um vazio.


Cristiano Dias

0 Sussurro(s):