terça-feira, 17 de junho de 2008

O Significado das Coisas.

(do "Guardador de Rebanhos" - Alberto Caeiro)

"Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor. "



--


Hoje, apeteceu-me divagar. Não o fazia recentemente. Não. Especialmente, por faltar aquele algo. Inspirador. Algo olímpico. Ninfático. Mas há coisas que não podemos negar: emoções. O ser humano comporta as emoções em si, tal como aquela criancinha que leva com todo o cuidado algo que lhe pertence, para si. Enfim...

Quantas são as vezes que nos detemos para reparar em algo verdadeiramente? Facilmente faço uma lista do que me faz divagar, do que prende toda a minha atenção: Adoro abrir a janela e sentir o cheiro de estrada molhada em tempos de chuva; Adoro estar sentado na areia e sentir as minhas pernas envolvidas pela água salgada; Adoro explorar o Universo, nas minhas tardes de Verão; Adoro aquele sentimento de quando acabamos "aquele" livro; Adoro despertar um sorriso, mesmo que para isso tenha de me tornar ridículo. Todos nós adoramos algo, que só para nós tem significado, por vezes é aquela coisinha parva, perdida nos cantos recônditos das coisas eternas, mas que para nós é algo. Quantas vezes não se vos perguntam: "mas o que tem isso de especial?" E, lá vem a mesma resposta de sempre: "para mim é especial."

Coisa diferente é reparar finalmente em algo que sempre esteve perto e que nos pareceu ausente. Sim, tal como a mítica história do ser que começa a dar valor às coisas apenas em dois momentos: ou quando as perde e não as volta a ter ou pura e simplesmente quando todas as outras coisas lhe deixam de significar algo. Por vezes, só ligamos àquela flor que está na jarra quando todas as outras a que demos toda a atenção do mundo, morreram. E aquela ficou.

Coisa diferente ainda é quando tudo o que imaginamos mágicos não é mais do que uma coisa. Um objecto. Um animal. Uma borboleta. Um flor. Uma ser. "É o poder da mente", disse uma certa rapariga num certo filme. Dizia ela ainda que apenas a mente é capaz de atribuir um significado a uma coisa mais do que a coisa efectivamente; é atribuir ao 1, mais do que o 1 (que é o que realmente é), no fundo é atribuir-lhe um 2 quando significa algo para nós.

Termino com uma daquelas frases-chavão:


«O significado das coisas não reside nas próprias coisas, mas na nossa atitude relativamente a elas.» Antoine de Saint-Exupéry

2 Sussurro(s):

Anónimo disse...

"Não vemos as coisas como são; vemo-las como somos." - Anais Nin

:)

Unknown disse...

Para mim é especial viajar de autocarro, pois estudo em outra cidade, admirar as paisagens e ouvir músicas, principalmente coldplay, e pensar sobre a vida...É algo maravilhoso! :)

A importância das coisas reside em nós, somente em nós.