domingo, 17 de junho de 2007

Gosto de ti quando te calas.


Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade...

Pablo Neruda

1 Sussurro(s):

Anónimo disse...

epa... se eu fosse convencida até dizia q este poema era pra mim!! =P
pq?
1. o "eu poético" chama ao destinatário Borboleta (e eu e borboletas somos aquela coisa...)
2. "e te pareces com a palavra melancolia" Melancia é parecido a melancolia!! LOL

[anhanços de MSN a meia.noite e tal... é o q dá!eu disse q ia comentar!]

**bjonne**