quarta-feira, 4 de julho de 2007

"The Painted Veil"


O Véu Pintado

Surge-nos com uma intrínseca simplicidade cheia de complexas situações que os nossos sentimentos criam na nossa vida. É uma obra cuja história rectilínea e pouco confusa origina uma fácil compreensão. Rapidamente ficamos presos aos seus passos, é verdade que a qualidade exacerbada de Edward Norton e Naomi Watts surge como um complemento que torna tudo mais doce, emocional.
Tendo como pano de fundo o mundo tremendo que é a cólera na China; a doença, os males, as mortes, o instinto de ajuda; a sua história fala-nos sobre se amamos alguém ou se aprendemos a amar alguém. Mais concretamente expulsa-nos para o mundo, onde tomamos atitudes de todo e qualquer género para nos sentirmos melhor, mesmo que esse “sentir melhor” interfira com os sentimentos de outrem. É até certa altura um ambiente de egoísmo. É um aproveitar de sentimento que alguém tem por nós, para utilizá-lo a nosso favor, quando não estamos bem, quando queremos mudar, mesmo que nunca possamos retribuir o que nos é dado. Deste modo, temos por um lado uma personagem mimada (“Kitty”, Naomi Watts) que perante o querer forçado dos pais em sair de casa e tomar o seu rumo de vida aproveita o amor que uma outra pessoa tem por ela (“Walter”, Edward Norton). É um aproveitar do amor dos outros para evoluir o nosso bem-estar, sem que consigamos retribuir. Pior que tudo isto, é trair esse amor, desiludir de força humilhante aquele cujo amor e o mundo nos dá.
Como sempre só o tempo surge como solução a todos estes problemas. Compreendemos que os impulsos não foram correctos e aprendemos verdadeiramente a amar quem nos dá tudo, e nos faz aprender mesmo que um dia o tínhamos traído. O tempo origina amor, é o caminho para sair do comodismo que temos na nossa vida. “O Véu Pintado” surge como uma ideia assim, a de que “demoramos a abrir a mente e a ver quem nos dá, por vezes, quando chegamos e queremos, já é tarde, outras ainda é possível, mas é sempre tarde”.
Em suma, “The Painted Veil” é uma história de amor (nem sempre correspondido, ou melhor, tardiamente correspondido) e de drama (amplamente construído pela ajuda a vítimas de cólera). Mostra-nos que muitas vezes estamos errados e que só tomamos consciência do que queremos quando esse “que queremos” foi-se. É a interminável história que é na falta que encontramos o carinho por alguém. Nessa altura culpamo-nos pelos erros e pela falta de tacto pela vida, pela felicidade, pelo amor que mora ali mesmo ao lado…

"Sometimes The Greatest Journey Is The Distance Between Two People"

Para os interessados: trailer.

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