quinta-feira, 10 de julho de 2008

Há dias assim...profundos.

Hoje foi um daqueles dias, em que mais do que nunca se voltou a acender a chama pela música. Não estou a falar daquela musica banal, a musica ambiente. Estou sim a falar daquela música que transmite algo mais do que notas, aquela música que nos obriga a reler a letra dia após dia... aquela música que por vezes é mais do que poesia.

Desde logo o dia começou extraordinariamente bem. 7.30h toca o despertador. RFM. Começa a tocar lentamente a melodia, "eu conheço isto", digo. Preenche por completo qualquer falha de espírito do nosso acordar...





Ao som the Cranberries lá me levantei com um sorriso no rosto. "Há muito que não ouvia isto...", pensei. Fiquei satisfeito, com energia para enfrentar o dia. Era dificil ser melhor. Preencheu-me a alma de nostalgia, relembrou-me as inúmeras tardes que em pequeno passava perto do rádio... Tomei banho. Comi. Saí. Ligo o carro, depois a rádio. Sintonizo na RFM novamente, na esperança de ouvir algo que desse continuidade ao meu estado de espírito. "Não está a dar nada de jeito", desabafei. Estava a dar uma música de Dire Straits, um pouco antiga, não era a minha onda. Tiro o carro da garagem. Olho para o espelho retrovisor para ver quando o portão fecha. Algo me distrai e obriga-me a olhar para o rádio, começava a tocar...






Confesso: senti-me completamente absorvido pela melodia. "Mas hoje a rádio toca o que sabe que vou gostar?", inquiri. E ainda não era nada. Mas enfim, Sade deixa qualquer um louco com a sua voz. É doce. Gosto, sempre gostei. Fez parte no emergir no gosto musical. Sade é assim qualquer coisa. Foi a banda sonora do meu trajecto, rapidamente cheguei ao destino. E adivinhem lá? Antes de sair do carro, ainda me ofereceram outra prenda...







Anouk e a sua energia imbatível em qualquer canção. Foi o culminar de um iniciar de dia excelente... pelo menos a nível espiritual. Fez-me divagar sobre o que são verdadeiramente as verdadeiras músicas. São aquelas que ouvimos várias vezes e gostamos? Ou serão aquelas que ouvimos quando as devemos ouvir e que nos levam a sonhar nesse momento? Bom, é como a questão do amor, quando banalizado perde a magia. A verdadeira música é aquela que surge no momento certo e que como por magia nos altera o estado de espírito. Sentir uma música não é facil. Não basta pôr no play. Eu tenho um conceito diferente de qualquer um sobre o que gosto e de como defino a música: para mim, tem um gostinho especial aquela música que ouves na rádio, algumas vezes, durante muito tempo, mas que nunca sabes o seu nome. Sabes que a melodia te encanta e que a letra te preenche. Afinal não é isso que interessa? No amor, não deve ser mais importante a consagração do verdadeiro sentimento? Uma das artes que o ser humano tem é a de se preocupar em demasia com pequenas coisas. É pouco aventureiro. Um pormenor estraga um sonho de uma vida. Um pormenor minúsculo chega a ser mais importante que o núcleo das coisas. Tenho para mim que são inúmeras as vezes que não sabemos aproveitar o que devíamos. São poucas as vezes que vamos em busca do que amamos quando é difícil. Há uma palavra para tudo isto: comodismo. Afecta a possibilidade de pudermos adquirir algo melhor. Afecta o concretizar de muitos sonhos apenas porque é arriscado e algum pormenor nos pode colocar numa posição pior, mesmo que o risco seja ínfimo... Enfim, ideias: não ao comodismo, sim aos sonhos...

E as músicas fazem-me sonhar, sobretudo, na vertente do conjugar situações:"como poderia ter sido se não fizesse aquilo", "devia ter aproveitado aquele momento", "no fundo, deveria ter dito-lhe que a amava"...coisas assim. Bom, por fim, e ainda mais especial, a rádio tocou para mim uma última música, uma das minhas favoritas... aquele sentimento de que ouvir... transformou-se...e começou a cantar...



Que venham mais dias assim...
*

2 Sussurro(s):

~ rita disse...

Aquela última é qulaquer coisa de extraordinário :)

Anónimo disse...

Concordo plenamente com a tua perspectiva... Tantas coisas que deixamos por dizer, tantas coisas que não fazemos, por razões que nem são dignas desse nome...

Quando dizes que tens uma maneira diferente de toda a gente de sentir a música, bom, só tenho a dizer que há mais uma para se juntar ao clube! Também me acontece imenso, aliás, é já uma constante na minha vida, gostar de uma música e não saber o seu nome, nem quem canta... E é sempre mágico quando começa a dar no rádio...

Gostei das músicas =)