quarta-feira, 2 de setembro de 2009

"A Minha Mulher", de Anton Tchékov


A Minha Mulher, é um conto do escritor russo Anton Tchekov. Neste pequeno livro, tendo como base uma grave fome que alastra numa aldeia de camponeses na Rússia, Tchekov aborda um casamento fracassado, as suas causas e efeitos, os erros cometidos e as suas angústias.

Pavel Anndreievitch, um alto funcionário público russo reformado, ao saber desta crise perto da zona onde habita, decide tomar a seu cargo a ajuda a esses pobres camponeses famintos, para isso tenta criar uma espécie de comissão entre os ricos e poderosos da área para resolver esse problema. Quando começa a coordenar as acções, descobre que a sua mulher, muito mais nova, bonita e com um carácter forte, mas com quem praticamente não tem relações nenhumas e as que tem são conturbadas, chegando inclusive a viver em partes separadas da casa, já lhe tinha tomado a dianteira reunindo um grupo de pessoas à sua volta para isso, despertando forte ciúme por parte de Pavel.

A partir desta situação Tchekov começa a mostrar-nos o verdadeiro Pavel que é uma pessoa muito egoísta, rígida e com quem é difícil manter relações de amizade e de amor, mas que através da sua mulher e da descoberta do amor que ainda nutre por ela começa a descobrir-se a si próprio e a ter percepção do que a sua vida verdadeiramente é, uma vida de solidão. Perante isto, Pavel comece o medo da solidão que o acompanhou toda a vida e deixa-se cair nesse mundo onde tudo lhe é indiferente e até ele próprio lhe é indiferente.

Este pequeno livro, é uma lição de vida, mostra-nos como uma pessoa mesmo inconscientemente e com as mais nobres intenções, consegue prejudicar a vida dos outros e a sua felicidade.

Por fim, resta-me dizer uma coisa: ao longo do livro não são muitos os acontecimentos, não há grandes reviravoltas nem peripécias extraordinárias; há, sim, a simplicidade das vidas diárias e das relações entre as pessoas. E eu adoro isso.

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