terça-feira, 1 de setembro de 2009

"Onde vivi e Para que vivi", de Henry David Thoreau


Este livro dá-nos acesso a quatro capítulos da obra-prima de Henry David Thoreau, “Walden”, que são: Economia, Onde Vivi e Para que Vivi, Animais de Inverno e Da Conclusão.

Nesta amostra de “Walden”, entramos em contacto com a natureza inerente à obra no seu todo, por meio da exposição de uma filosofia de vida conceptualizada pelo autor e vivenciada sem subterfúgios. Thoreau adverte logo o leitor de que apenas escreverá sobre as suas experiências, sobre a realidade que conhece e que realmente ensaiou. Não lhe interessa narrar factos empreendidos por outrem. Não lhe interessa premissas incertas da vida de quem não é dono. Não lhe interessa nada que não seja a sua vida certa, vivida e absoluta. A base da sua escrita, a sua grande força anímica, é a prática na primeira pessoa, o eu.

Deste modo o livro torna-se num registo diarístico da sua vida em que Henry David Thoreau constrói o seu relato de vida harmoniosa e pacata na margem do Lago Walden, em Concord, Massachusetts.

“A observação da natureza e a observação da natureza humana cruzam-se em várias frentes nesta obra. Se por um lado a natureza oferece ao Homem os recursos necessários à sua sobrevivência, por outro a natureza humana procura suprir as suas carências buscando meios de ultrapassar o que existe para lá da soleira da porta e, sobretudo, dando demasiada atenção aos detalhes da vida alheia, às futilidades que a modernidade apadrinha e que o autor enumera de forma lúcida. "

Para além das suas observações concernentes à dualidade vida prosaica/ vida moderna e defesa do desprendimento material que exerce apaixonadamente, Henry David Thoreau aborda igualmente questões de cariz economicista que são dotadas de uma actualidade incomparável, vejamos:
«Não sou capaz de acreditar que o nosso sistema de produção é o melhor modo através do qual os homens têm acesso à roupa. A condição dos operários está a tornar-se, a cada dia que passa, mais semelhante à dos operários ingleses, o que não é de estranhar, já que, por tudo o que tenho ouvido ou visto, o principal objectivo não é que a humanidade possa apresentar-se bem vestida e de forma honesta, mas sim, inquestionavelmente, que as corporações possam enriquecer. Os homens alcançam, a longo prazo, somente aquilo que ambicionam. Assim sendo, apesar de, a curto prazo, poderem falhar, fariam melhor se almejassem algo num patamar mais elevado.»

Assim, este livro surge-nos recheado de filosofia eterna e infinita, sem deixar de lado a critica à sociedade perante cada comportamento seu.

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