Miguel Sousa Tavares, in No teu deserto
sábado, 2 de janeiro de 2010
Porque encontramos sempre excertos que parecem que foram escritos por nós...
Miguel Sousa Tavares, in No teu deserto
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terça-feira, 15 de setembro de 2009
"Carta ao Pai", de Franz Kafka

É um livro desconcertante.
Termino com uma deliciosa referência de Franz Kafka ao Direito – curso que acabaria por tirar sem qualquer pingo de gosto :
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quarta-feira, 2 de setembro de 2009
"A Minha Mulher", de Anton Tchékov
Pavel Anndreievitch, um alto funcionário público russo reformado, ao saber desta crise perto da zona onde habita, decide tomar a seu cargo a ajuda a esses pobres camponeses famintos, para isso tenta criar uma espécie de comissão entre os ricos e poderosos da área para resolver esse problema. Quando começa a coordenar as acções, descobre que a sua mulher, muito mais nova, bonita e com um carácter forte, mas com quem praticamente não tem relações nenhumas e as que tem são conturbadas, chegando inclusive a viver em partes separadas da casa, já lhe tinha tomado a dianteira reunindo um grupo de pessoas à sua volta para isso, despertando forte ciúme por parte de Pavel.
A partir desta situação Tchekov começa a mostrar-nos o verdadeiro Pavel que é uma pessoa muito egoísta, rígida e com quem é difícil manter relações de amizade e de amor, mas que através da sua mulher e da descoberta do amor que ainda nutre por ela começa a descobrir-se a si próprio e a ter percepção do que a sua vida verdadeiramente é, uma vida de solidão. Perante isto, Pavel comece o medo da solidão que o acompanhou toda a vida e deixa-se cair nesse mundo onde tudo lhe é indiferente e até ele próprio lhe é indiferente.
Este pequeno livro, é uma lição de vida, mostra-nos como uma pessoa mesmo inconscientemente e com as mais nobres intenções, consegue prejudicar a vida dos outros e a sua felicidade.
Por fim, resta-me dizer uma coisa: ao longo do livro não são muitos os acontecimentos, não há grandes reviravoltas nem peripécias extraordinárias; há, sim, a simplicidade das vidas diárias e das relações entre as pessoas. E eu adoro isso.
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"Coração Débil", de Fiódor Dostoiévski
Sinopse:
"Em Coração Débil , uma das primeiras obras do autor, acompanhamos a tragédia de Vássia Chumkov, um jovem apaixonado mas de temperamento fraco, a quem a felicidade parece transtornar. Amado por todos os que o rodeiam, Vássia desenvolve sentimentos de culpa por recear não corresponder às expectativas, deixando-se afundar progressivamente numa inquietação e numa tristeza incompreensíveis. Intenso e comovente, este livro revela bem o estilo febril do romancista russo. "
Esta é uma obra pequena em extensão mas grande em conteúdo. Confesso que o facto de ter poucas páginas (não mais de 90) fiquei um pouco de pé atrás sobre a sua qualidade, talvez porque tivesse medo que a pouca extensão não chegasse para me entusiasmar. Contudo, enganei-me e ainda bem. Coração Débil é uma obra virada para o impacto que os acontecimentos exteriores têm no nosso interior. É comovente em todas as linhas onde descreve cada relação existente e cada movimento efectuado. É intenso em todos os diálogos que contém, onde só interessa a interacção e tudo o resto é secundário. É apaixonante e ao mesmo tempo deprimente onde a loucura substitui o amor e a felicidade.Sentimos pena quando acabamos o livro. Apenas e só muita pena.
É um livro muito típico de Dostoiévski, virado para o interior, curto em personagens e essencialmente directo em sentimentos. Leva-nos para uma sociedade russa dos séculos passados, consegue envolver-nos com a maior das paixões... Fiquei encantado.
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terça-feira, 1 de setembro de 2009
"Onde vivi e Para que vivi", de Henry David Thoreau
Nesta amostra de “Walden”, entramos em contacto com a natureza inerente à obra no seu todo, por meio da exposição de uma filosofia de vida conceptualizada pelo autor e vivenciada sem subterfúgios. Thoreau adverte logo o leitor de que apenas escreverá sobre as suas experiências, sobre a realidade que conhece e que realmente ensaiou. Não lhe interessa narrar factos empreendidos por outrem. Não lhe interessa premissas incertas da vida de quem não é dono. Não lhe interessa nada que não seja a sua vida certa, vivida e absoluta. A base da sua escrita, a sua grande força anímica, é a prática na primeira pessoa, o eu.
Deste modo o livro torna-se num registo diarístico da sua vida em que Henry David Thoreau constrói o seu relato de vida harmoniosa e pacata na margem do Lago Walden, em Concord, Massachusetts.
“A observação da natureza e a observação da natureza humana cruzam-se em várias frentes nesta obra. Se por um lado a natureza oferece ao Homem os recursos necessários à sua sobrevivência, por outro a natureza humana procura suprir as suas carências buscando meios de ultrapassar o que existe para lá da soleira da porta e, sobretudo, dando demasiada atenção aos detalhes da vida alheia, às futilidades que a modernidade apadrinha e que o autor enumera de forma lúcida. "
Para além das suas observações concernentes à dualidade vida prosaica/ vida moderna e defesa do desprendimento material que exerce apaixonadamente, Henry David Thoreau aborda igualmente questões de cariz economicista que são dotadas de uma actualidade incomparável, vejamos:
«Não sou capaz de acreditar que o nosso sistema de produção é o melhor modo através do qual os homens têm acesso à roupa. A condição dos operários está a tornar-se, a cada dia que passa, mais semelhante à dos operários ingleses, o que não é de estranhar, já que, por tudo o que tenho ouvido ou visto, o principal objectivo não é que a humanidade possa apresentar-se bem vestida e de forma honesta, mas sim, inquestionavelmente, que as corporações possam enriquecer. Os homens alcançam, a longo prazo, somente aquilo que ambicionam. Assim sendo, apesar de, a curto prazo, poderem falhar, fariam melhor se almejassem algo num patamar mais elevado.»
Assim, este livro surge-nos recheado de filosofia eterna e infinita, sem deixar de lado a critica à sociedade perante cada comportamento seu.
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sábado, 29 de agosto de 2009
"A morte de Ivan Ilitch", de Leon Tolstoi
Ivan Ilitch quer morrer, porque se ele morrer será o término da sua dor. Quando está prestes a morrer, ele já sabe, despede-se da família.
Uma obra impressionante de Tolstoi, dizem que é uma das melhores e para mim foi dos livros mais impressionantes que já li, com o relato mais doloroso que algum livro foi capaz de conter… Quanto à escrita, simplesmente genial, nada a dizer a não ser: é impossível parar a meio...
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quarta-feira, 26 de agosto de 2009
"Um cântico de Natal", Charles Dickens
Numa véspera de Natal Scrooge recebe a visita de seu ex-sócio Jacob Marley, morto havia sete anos naquele mesmo dia. Marley diz que o seu espírito não pode ter paz, já que não foi bom nem generoso em vida, mas que Scrooge tem uma hipótese, e por isso três espíritos o visitariam.
O primeiro espírito é o Espírito dos Natais Passados, que leva Scrooge de volta no tempo e mostra sua adolescência e o início da sua vida adulta, quando Scrooge ainda amava o Natal.
O segundo espírito é o do Natal do Presente. Ele mostra a Scrooge as celebrações do presente, incluindo a humilde comemoração natalina dos Cratchit, onde vê que, apesar de pobre, a família de seu empregado é muito feliz e unida.
Após a visita dos três espíritos, Scrooge amanhece como um outro homem..."
Não há muito que se possa dizer sobre esta obra, pode-se resumir tudo a 4 ideias-chave: foi o ponto de partida para tantas histórias de natal, influenciou vários desenhos animados e filmes, foi a base de todos os contos de natal, o princípio de tudo; depois, é uma leve leitura, é um verdadeiro conto que se lê em duas horas sem dificuldade, tem uma escrita simples, sem complicações, sendo sobretudo um conto destinado ao povo que verdadeiramente sente e vive o eterno espírito de natal; quanto ao conteúdo, é a mítica história do rico /pobre, do feliz/infeliz, do bom / mal, cujo objectivo é tornar aquele que nenhum valor dá naquele que todo o valor se esforça para dar, é uma história do dar sem receber e do conseguir ser feliz sem nada ter; por fim, é uma história de natal e isso diz tudo sobre a sua qualidade…
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sábado, 22 de agosto de 2009
"O Processo", de Franz Kafka
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segunda-feira, 17 de agosto de 2009
"Jogador", Fiódor Dostoiévski

Sinopse:
"Uma das obras mais conhecidas de Dostoiévski, Um jogador é o relato vertiginoso de um homem absorvido por duas paixões: o amor não correspondido por uma jovem e a sedução do ganho fácil nas mesas de roleta.Tendo vivido intensamente, durante certa fase de sua vida, a paixão pelo jogo, Dostoiévski tinha o plano de escrever um livro onde pudesse pôr a nu a psicologia do tipo do jogador profissional. Em 1866, obrigado por uma cláusula contratual a entregar um novo livro a seu editor, sob pena de perder os direitos sobre toda sua obra por nove anos, Dostoiévski retomou aquele projecto e contratou a taquígrafa Ana Grigórievna, que depois se tornaria sua segunda mulher, para, em vinte e poucos dias, produzir esta pequena obra-prima.
Ao criar uma trama de grande densidade e ao mesmo tempo extremamente divertida, na qual todas as relações são pautadas pelo dinheiro, o grande escritor russo conseguiu não apenas realizar seu projecto sobre a psicologia do jogador, mas tecer uma crítica contundente ao capitalismo."
Esta foi a minha primeira aventura em Dostoiévski, surpreendeu-me. O jogador, pelo que pesquisei e me informaram, está um pouco longe de ser a sua melhor obra, contudo é um livro que se lê num suspiro, numa tarde em que não há outra coisa melhor para se fazer e nos apetece sentar, na cadeira, à varanda e fugirmos um pouco do nosso mundo. Em si, a história baseia-se em três pilares: o amor não correspondido, a ganância não escondida e o jogo incontrolável. Facilmente nos identificamos com certas passagens, porque já vimos acontecer aos nossos olhos ou simplesmente já aconteceu connosco. É, sem dúvida, um livro que consegue misturar brilhantemente o vício do amor (romance) e o vício do dinheiro (jogo). Mas dizer só isto não traz nada de novo aos livros, seria dizer que a escrita de Dostoiévski nada tem de especial, muito pelo contrário, é ela que torna uma história um pouco banal em absorvente. O ponto especial da sua escrita está na perspicácia como é gerida a informação. Dostoiévski luta em cada linha e em cada parágrafo para não nos contar tudo, apenas conta o suficiente para que não paremos de ler o que torna a leitura num vício e a o ritmo do vício do jogo que a história desenrola. É um livro macio mas viciante. Um bom companheiro numa tarde de fim-de-semana em que na televisão nada de jeito dá e nos vemos sozinhos…
Virão outros de Dostoiévski, mas até lá segue-se Kafka.
"Neste momento senti que eu era um jogador. Senti isso como nunca até então. Minhas mãos tremiam, as pernas vergavam-se. As têmporas pulsavam agitadamente…"
"Desejo penetrar-lhe na alma e arrancar-lhe os segredos; desejo que venha a mim e me diga: ‘Eu o amo!’"
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