sábado, 22 de agosto de 2009

"O Processo", de Franz Kafka

Sinopse:

"O Processo é um romance escrito pelo escritor checo Franz Kafka, e conta a história de Josef K., personagem que acorda certa manhã, e, sem motivos sabidos, é preso e sujeito a longo e incompreensível processo por um crime não revelado. A figura de Josef K. é o paradigma do perseguido que desconhece as causas reais de sua perseguição, tendo que se deixar levar às elucidações alegóricas e falaciosas advindas de variadas fontes.
O Processo apresenta ao leitor a narrativa carregada de uma atmosfera desorientada e avulsa na qual o personagem Josef K. está imerso. Tal atmosfera deve-se mormente à sequência infindável de surpresas quase surreais, geradas por uma lei maior e inacessível, que está no entanto em perfeita conformidade com os parâmetros reais da sociedade moderna. O absurdo presente em toda obra é o ponto de partida, sem conclusão, da confusão que se desenrola na mente de Josef K., assim como em todos os ambientes reais nos quais ele está inserido, o que dá ao leitor a sensação incomoda própria do estilo da obra kafkaniana.

Nesta obra, o protagonista, atónito, ao ser informado que contra ele havia um processo judicial (ao qual ele jamais terá acesso e fundado numa acusação que ele jamais conhecerá), percorre as vielas e becos da burocracia estatal, cumpre ritos inexplicáveis, comparece a tribunais estapafúrdios, submete-se a ordens desconexas e se vê de tal modo enredado numa situação ilógica, que a narrativa aproxima-se (e muito) da descrição de confusos pesadelos."


O Processo revela-se uma obra complexa, absurda e agressiva. São, desde logo, essas palavras que tornaram a obra num sucesso e das mais badaladas de sempre. É complexa porque desde o início que te vês dentro de uma história onde surgem diversos porquês que não te são respondidos. Absurda porque relata coisas que não têm o mínimo de cabimento possivel. Agressiva porque visa afectar quem lê, da mesma maneira que é dado um berro bem alto para acordar as mentalidades para os erros cometidos pelas pessoas. Confesso que a mim a obra agradou-me especialmente pela curiosidade de saber o porquê do Processo, o que estaria por detrás de tudo, e por isso fiquei um pouco perpelexo quando descobri que o livro não me fornecia essas respostas, mas tinha de ser eu a desenhá-las. Sim, é daqueles livro com um final onde depois de fechares o livro pensas e perguntas: "Que raio, será que me escapou algo? Queres ver que não li algum capítulo?". Tinham-me alertado para o facto de o estilo de Kafka ser pouco vulgar e realmente confirma-se, contudo, gostei bastante da forma como escreve cada cena e é impossivel que nas descrições não o comparemos a Eça de Queirós com um cheirinho a Camilo Castelo Branco e uma pitada de Almeida Garrett, mas isso apenas nas descrições, faltando depois a componente trágica e filosófica muito própria de Kafka. É um livro interessante que faz de tudo para puxar pela nossa cabeça...
É um livro que tem como pano de fundo todas as questões jurídicas, criminais, judiciais e filosóficas. Dá nos a conhecer a mente de um acusado e o tráfico de influências do mais reles poder de autoridade. Embrulha-nos num autêntico pesadelo sem fim, num grito silencioso...


"Sem motivo Josef K. é capturado e interrogado em seu aniversário de 30 anos. As circunstâncias são grotescas, ninguém conhece a lei e a corte permanece anônima. A "culpa", descobre Josef K., torna-se-lhe inerente, sem que ele possa fazer algo contra isso. Obstinadamente, mas sem sucesso, ele tenta lutar contra o crescente absurdo e envolvimento, ignora todo aviso de resistência e é por fim executado um ano depois nos portões da cidade."


Curiosidades:

1- Esta obra tem um final abrupto muito por culpa por ser uma obra incabada. Kafka escreveu os capítulos e nem sequer os numerou, quem o fez foi o seu amigo pessoal, Max Brod (responsável pela publicação de vários textos de Kafka), segundo a ordem de leitura dada por Kafka.

2- Kafka queimou grande parte das suas obras. Destruiu muitas novelas, textos e crónicas. No seu testamento, pedia que Max Brod o fizesse em relação a tudo o resto, mas este recusou-se a fazê-lo e tinha-o dito a Kafka e, por isso, este apressou-se a fazê-lo em relação a aluns textos.

3- Fiquei a saber que existe um filme referente a esta obra que procurarei ver e depois comentar aqui, chama-se: The Trial, de Orson Welles

0 Sussurro(s):