segunda-feira, 17 de agosto de 2009

"Jogador", Fiódor Dostoiévski


Sinopse:

"Uma das obras mais conhecidas de Dostoiévski, Um jogador é o relato vertiginoso de um homem absorvido por duas paixões: o amor não correspondido por uma jovem e a sedução do ganho fácil nas mesas de roleta.Tendo vivido intensamente, durante certa fase de sua vida, a paixão pelo jogo, Dostoiévski tinha o plano de escrever um livro onde pudesse pôr a nu a psicologia do tipo do jogador profissional. Em 1866, obrigado por uma cláusula contratual a entregar um novo livro a seu editor, sob pena de perder os direitos sobre toda sua obra por nove anos, Dostoiévski retomou aquele projecto e contratou a taquígrafa Ana Grigórievna, que depois se tornaria sua segunda mulher, para, em vinte e poucos dias, produzir esta pequena obra-prima.
Ao criar uma trama de grande densidade e ao mesmo tempo extremamente divertida, na qual todas as relações são pautadas pelo dinheiro, o grande escritor russo conseguiu não apenas realizar seu projecto sobre a psicologia do jogador, mas tecer uma crítica contundente ao capitalismo."


Esta foi a minha primeira aventura em Dostoiévski, surpreendeu-me. O jogador, pelo que pesquisei e me informaram, está um pouco longe de ser a sua melhor obra, contudo é um livro que se lê num suspiro, numa tarde em que não há outra coisa melhor para se fazer e nos apetece sentar, na cadeira, à varanda e fugirmos um pouco do nosso mundo. Em si, a história baseia-se em três pilares: o amor não correspondido, a ganância não escondida e o jogo incontrolável. Facilmente nos identificamos com certas passagens, porque já vimos acontecer aos nossos olhos ou simplesmente já aconteceu connosco. É, sem dúvida, um livro que consegue misturar brilhantemente o vício do amor (romance) e o vício do dinheiro (jogo). Mas dizer só isto não traz nada de novo aos livros, seria dizer que a escrita de Dostoiévski nada tem de especial, muito pelo contrário, é ela que torna uma história um pouco banal em absorvente. O ponto especial da sua escrita está na perspicácia como é gerida a informação. Dostoiévski luta em cada linha e em cada parágrafo para não nos contar tudo, apenas conta o suficiente para que não paremos de ler o que torna a leitura num vício e a o ritmo do vício do jogo que a história desenrola. É um livro macio mas viciante. Um bom companheiro numa tarde de fim-de-semana em que na televisão nada de jeito dá e nos vemos sozinhos…

Virão outros de Dostoiévski, mas até lá segue-se Kafka.



"Neste momento senti que eu era um jogador. Senti isso como nunca até então. Minhas mãos tremiam, as pernas vergavam-se. As têmporas pulsavam agitadamente…"

"Desejo penetrar-lhe na alma e arrancar-lhe os segredos; desejo que venha a mim e me diga: ‘Eu o amo!’"

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